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Aço pede investimento e isonomia

A indústria brasileira do aço terminou seu congresso anual de 2018 com duas diretrizes claras: sem mercado interno forte o setor não sobrevive e sem a indústria de transformação o país não cresce.

Para que o consumo de aço no Brasil suba, a grande aposta é nos investimentos em infraestrutura, que desabaram nos últimos anos. No caso da atenção ao setor produtivo, pedem segurança e simplificação tributária para haver condições isonômicas de concorrência na exportação a outros países, por exemplo.

“Quando colocamos nosso aço no porão do navio para levar ao cliente no exterior, ao lado dele vai um pacote de 7% de resíduo tributário”, reclamou Gustavo Werneck, presidente da Gerdau, durante o Congresso Aço Brasil 2018. “Nenhum consumidor quer pagar esse adicional, então quem arca com isso é a empresa, comprimindo margens.”

Esse é um dos motivos pelos quais o setor vai judicializar a decisão do governo federal de, na prática, ter acabado com o Reintegra, que compensa esse resíduo às exportadoras. Mas, por outro lado, pede que o próximo governo lide com essa situação.

No curto prazo, a saída é continuar exportando, ou o uso de capacidade da siderurgia, hoje em 68% dos quase 50 milhões de toneladas instaladas no país, será ainda pior. Werneck lembrou no evento que cerca de 40% do que produz no Brasil está vendendo ao exterior.

“Investimos US$ 1,5 bilhão em um laminador a quente e outro de chapas grossas na nossa usina de Ouro Branco [MG], esperando crescimento do consumo de aço pelas indústrias de máquinas e equipamentos, naval e de petróleo e gás. A demanda não veio.”

Para incentivar o consumo interno, os especialistas convidados pelo Instituto Aço Brasil – e o presidente do conselho da entidade, Sérgio Leite, da Usiminas – sugerem se concentrar na infraestrutura. José Carlos Martins, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), afirmou que é necessário estimular a participação da iniciativa privada em novos projetos, dado que o poder público está, atualmente, estrangulado.

O Banco Mundial recomenda que os países invistam 3% de seu Produto Interno Bruto (PIB) por ano para conseguir manter a infraestrutura já existente. Uma parcela de 5% do PIB possibilitaria um crescimento de 4% da economia.

“No ano passado, investimos só 1,4%. Se investíssemos os 5%, poderíamos ter gerado 1,7 milhão de empregos diretos”, comentou o presidente do CBIC. “Só de obras paralisadas, estamos perdendo 0,65% de PIB potencial, ou cerca de R$ 42,4 bilhões anualmente.”

Martins defende que a construção auxilie na formação de empregos no primeiro momento, aliviando o poder público. Mas não só seu setor se beneficiaria. Um estudo da consultoria E8 Inteligência apresentado no congresso pela diretora Eliana Taniguti mostrou o quanto a siderurgia ganharia.

Levando em conta apenas os projetos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), de R$ 94,7 bilhões em 54 obras, 410 toneladas de aço seriam consumidas a cada R$ 1 milhão investido, ou 39 milhões de toneladas ao longo dos anos. Atualmente, o país está consumindo 21 milhões de toneladas em um período de 12 meses.

 

Fonte: Aço Brasil

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