Aperam vai investir mais R$ 588 milhões no Brasil
Maior produtora de aço inoxidável da América Latina, a Aperam South America iniciou uma nova rodada de investimentos no Brasil, elevando a R$ 831 milhões o total que será aportado na operação local até 2024.
Depois de desembolsar R$ 243 milhões para atualização das linhas de aço inox e aços elétricos no ano passado, a antiga Acesita vai destinar outros R$ 588 milhões (US$ 117,5 milhões) para modernização e atualização tecnológica da laminação a quente na usina de Timóteo (MG) e para a Aperam BioEnergia, que produz carvão vegetal no Vale do Jequitinhonha, também em Minas Gerais.
“São recursos já confirmados. O foco é atender à demanda de clientes por produtos com diferentes dimensões e maior resistência e ficar mais competitivo”, disse ao Valor o presidente da Aperam South America, Frederico Ayres Lima. A siderúrgica mineira pode produzir, anualmente, 900 mil toneladas de aço bruto, capacidade que seguirá inalterada.
O novo investimento será formalizado nesta terça-feira, durante cerimônia com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Na ocasião, o comando da Aperam South America, que integra o grupo europeu Aperam, formado em 2011 a partir da cisão do negócio de inox da ArcelorMittal, também vai anunciar que a empresa se tornou a primeira do mundo, no segmento de aços planos especiais, a alcançar a neutralidade de carbono.
A partir de 2011, conta Ayres Lima, a siderúrgica passou a usar carvão vegetal para a fabricação do aço, em substituição ao coque, e hoje os dois altos-fornos utilizam 100% do insumo renovável. A Aperam tem 126 mil hectares de florestas, dos quais 76 mil hectares de plantio de eucalipto, usado para a produção de carvão vegetal na Aperam BioEnergia, e desde 2020 trabalha com certificadoras – Forest Stewardship Council (FSC) e SGS – para mensurar emissões e remoção de carbono equivalente. No balanço dos dois últimos anos, o resultado líquido foi neutro.
Na laminação a quente, o projeto prevê a aquisição de uma nova cadeira e atualização tecnológica dos sistemas elétricos e de automação, com início de operação em 2025. Além de trazer competitividade, o investimento permitirá à empresa ampliar a gama de produtos oferecidos, em particular aos segmentos de bens de capital e indústria, observa o executivo.
O carro-chefe da Aperam é o aço inoxidável, que tem aplicação em uma gama diversificada de indústrias e em utensílios domésticos. Mas a siderúrgica também é fornecedora de aços elétricos, usados em transformadores de energia, motores elétricos e turbogeradores, entre outros. A WEG, fabricante de motores e equipamentos, é grande cliente nesse segmento.
No ano passado, a Aperam South America comercializou 626 mil toneladas de aço, contra 591 mil toneladas em 2020. Historicamente, cerca de 20% da produção no país é exportada. A receita da siderúrgica, por sua vez, saltou de € 143 milhões para € 390 milhões em 2021, refletindo a recuperação da demanda após o impacto inicial da pandemia de covid-19 e a alta dos preços das commodities.
Conforme Ayres Lima, ainda há mais capacidade instalada do que demanda em aço inoxidável, portanto não faz sentido investir em ampliação neste momento – o desembolso atual deve trazer apenas ganho marginal nessa linha. Para elevar o consumo local de aço inox, a estratégia tem sido apostar em inovação, buscando novos produtos e aplicações para o material.
Nessa frente, por exemplo, a Aperam desenvolveu o Endur, uma liga mais resistente à abrasão voltada ao atendimento de clientes da mineração, açúcar e álcool e cimento. Em mercados desenvolvidos, conta, o consumo per capita de aço inox pode chegar a 18 quilos por ano, enquanto no Brasil esse volume está em 2 quilos.
Segundo Ayres Lima, na linha de custos, há pressão persistente dos principais insumos – ferro, níquel e cromo -, mas, ao contrário do que se viu no passado recente, tornou-se mais difícil repassar esses aumentos. “Num primeiro momento, conseguimos repassar. Mas já começamos a ver dificuldade para fechar novos contratos.”
Fonte: Aço Brasil