Atividade industrial volta a terreno de expansão no Brasil, diz IHS Markit
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria no Brasil, sazonalmente ajustado, voltou a ficar acima da marca neutra de 50,0 e atingiu 51,6 em junho, informou a consultoria IHS Markit. Isto, comparado com o patamar de 38,3 observado em maio, representou o primeiro mês de crescimento registrado pela pesquisa desde fevereiro.
“A pesquisa de junho para o setor industrial brasileiro indicou um retorno ao crescimento tanto para o volume de produção quanto para o de novos pedidos, com os negócios começando a se recuperar dos efeitos adversos da pandemia de covid-19”, diz o relatório.
O grau de otimismo em relação ao futuro também se fortaleceu nitidamente, atingindo um recorde de alta de quatro meses. Contudo, as evidências de um persistente excesso de capacidade no setor foram menos positivas, já que as empresas permaneceram firmemente em atitude de retração, cortando a quantidade de compras e reduzindo o número de funcionários, diz a IHS Markit.
“As pressões sobre os custos permaneceram agudas, com os dados de preços indicando o crescimento mais acentuado nos custos de insumos em quase dois anos.”
O retorno à expansão dos volumes de produção e de novos pedidos foi o que sustentou o PMI. Os entrevistados pela consultoria comentaram que as empresas estavam voltando a operar e que a demanda aumentara. Contudo, o crescimento foi principalmente em nível interno — já que as vendas para exportação continuaram a cair — e os entrevistados continuaram a mencionar que os volumes de novos negócios permanecem, de um modo geral, extremamente baixos quando comparados com os observados antes do início da pandemia.
“De fato, apesar das notícias positivas sobre os volumes de produção e de novos trabalhos, as empresas continuaram a operar a níveis muito abaixo da sua capacidade. De um modo geral, as cargas de trabalho foram cumpridas sem dificuldades, como ficou evidenciado por uma terceira redução mensal sucessiva nos pedidos em atraso”, diz o documento.
As empresas também continuaram a cortar tanto os níveis de empregos quanto a atividade de compra, embora a taxas mais baixas do que no mês anterior, informa a IHS Markit. As firmas indicaram uma necessidade de reduzir os custos nas suas fábricas, tanto os relativos à quantidade de compras quanto ao número de empregos, com o objetivo de aumentar a produtividade, ou utilizar estoques existentes na produção sempre que possível.
Os estoques de insumos foram cortados pelo nono mês sucessivo em junho, ao passo que houve uma modesta queda nos produtos armazenados pelo décimo mês consecutivo. As pressões de custos se intensificaram em junho.
Uma taxa de câmbio desfavorável entre o real e o dólar americano foi amplamente relatada como tendo aumentado o custo de insumos precificados em dólar, com as empresas citando também o custo mais elevado de produtos alimentícios, diz a IHS Markit.
“De um modo geral, a inflação do preço de insumos foi a mais acentuada em 21 meses. Os preços dos produtos aumentaram em resposta à alta nos custos de insumos, com a taxa de crescimento tendo sido também a maior registrada pela pesquisa desde setembro de 2018.”
Apesar da compressão nas margens de lucro, os entrevistados da IHS Markit receberam com otimismo o retorno ao crescimento dos volumes de produção e de novos pedidos. Em meio a projeções positivas para a demanda e para as vendas nos próximos 12 meses — tendo em vista as expectativas de uma retomada das atividades econômicas —, o grau de otimismo no futuro melhorou em junho, atingindo o seu nível mais elevado desde fevereiro.
Fonte: Aço Brasil