Gerdau mantém ritmo e tem melhor 1º semestre da história
A Gerdau registrou o melhor primeiro semestre em seus 121 anos de história e caminha para encerrar 2022 com novo resultado recorde, mesmo com os números mais fracos esperados para o terceiro trimestre. Demanda de aço aquecida nas Américas, em especial na construção, e preços mais elevados compensaram a alta dos custos e levaram a companhia a registrar receita líquida de R$ 43,3 bilhões de janeiro a junho, alta de 22%, e lucro líquido ajustado de R$ 7,2 bilhões, salto de 24%.
“Estamos bastante confiantes de que a companhia terá um resultado geral em 2022 muito parecido com 2021, também para entrar para a história. Mas não terá um terceiro trimestre tão forte quanto o mesmo período do ano passado”, disse o presidente Gustavo Werneck, referindo-se ao já previsto aumento de custos com insumos relevantes, como carvão e sucata, no intervalo.
O segundo trimestre também foi histórico, com destaque para o desempenho na América do Norte, e garantiu o anúncio de distribuição de R$ 1,2 bilhão em dividendos. Mas o valor frustrou os investidores, que esperavam proventos mais polpudos, e as ações da Gerdau S.A. encerraram o dia em baixa de 4%, cotadas a R$ 23,41.
O prêmio de importação de aço deve permanecer equilibrado no segundo semestre, prevê o presidente da Gerdau
“Não foram anunciados dividendos extraordinários no trimestre, o que vemos como decepcionante, pois mesmo em um cenário mais difícil, acreditamos que o balanço permitiria dividendos maiores”, escreveu em relatório o analista Thiago Lofiego, do Bradesco BBI. A percepção no mercado é a de que a forte geração de caixa e a redução do endividamento bruto ao seu menor nível, ou R$ 12,4 bilhões, justificariam dividendos mais agressivos.
Em teleconferência com analistas, a administração da Gerdau foi questionada sobre alocação de capital. “Não temos plano de curto prazo de rever a política de dividendos”, afirmou o vice-presidente de finanças e de relações com investidores, Rafael Japur.
Conforme o executivo, embora por estatuto o dividendo mínimo corresponda a 30% do lucro líquido ajustado, a Gerdau retornou aos acionistas cerca de 40% do resultado no segundo trimestre, considerando-se dividendos mais a recompra de ações em curso. “Entendemos que a combinação de dividendos e recompra é a forma eficiente de retornar valor aos acionistas”, ressaltou.
No segundo trimestre, a Gerdau teve lucro líquido ajustado de R$ 4,29 bilhões, alta de 27,6% na comparação anual, e receita líquida de quase R$ 23 bilhões, 20,1% acima do registrado um ano antes. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 13,3%, a R$ 5,9 bilhões, com margem de 29,1%. Para os analistas Rafael Barcellos e Arthur Biscuola, do Santander, o segundo trimestre deve marcar o pico de resultados para as siderúrgicas brasileiras no ano.
Conforme Werneck, o prêmio de importação de aço deve permanecer equilibrado no segundo semestre, resultando em preços e rentabilidade estáveis no mercado doméstico no segundo semestre. Em relação à demanda, o executivo destacou que os fundamentos do mercado brasileiro são positivos e não há expectativa de “grandes alterações” até o fim do ano, a despeito da inflação e do menor poder de compra do brasileiro. “Mas o período deve ser mais volátil porque inflação e menor poder de compra afetam parte do negócio”, ponderou.
A retomada na infraestrutura e o forte ritmo de atividade na construção civil, explicou, contribuem para o crescimento real da demanda. Na construção, o número recorde de canteiros de obra ativos dá sustentação à demanda em 2022, mas há dúvidas sobre o impacto da piora das condições macroeconômicas sobre esse setor em 2023.
No setor industrial, a demanda segue aquecida especialmente no agronegócio, em energia, máquinas e equipamentos e implementos rodoviários.
Nos Estados Unidos, conforme o executivo, a Gerdau já percebeu alguma redução na entrada de pedidos. Ainda assim, os níveis permanecem “muito acima do histórico” e o “backlog” supera 70 dias de compra, com as unidades operando a mais de 90% da capacidade instalada.
A companhia está monitorando a recessão econômica a caminho nos Estados Unidos, mas avalia que não deve ter efeitos tão acentuados em suas operações como se viu no passado.
De abril a junho, o Ebitda da operação na América do Norte mais que dobrou na comparação anual, para R$ 2,8 bilhões, com margem Ebitda recorde de 33,1%. A expectativa é que o desempenho permaneça robusto no segundo semestre. “Estamos otimistas com a demanda por aço na região, sobretudo da construção”, disse Werneck, acrescentando que o pacote de investimentos dos Estados Unidos em infraestrutura, de US$ 1,2 trilhão, deve começar a gerar consumo adicional a partir do quarto trimestre. Ao ano, serão até 5 milhões de toneladas adicionais por até 8 anos. (Colaborou Felipe Laurence)
Fonte: Aço Brasil