Indústrias nacionais ganham espaço
A indústria automotiva e de autopeças ainda responde por quase 80% do parque instalado de robôs no país. Mas setores como alimentos, bebidas, higiene e limpeza, logística e agronegócio mostram interesse em sistemas sofisticados.
A Pollux, sediada em Joinville (SC), registrou crescimento anual de até 40% nos últimos quatro anos e hoje está em 12 países, levada por empresas globais como a Nestlé, satisfeitas com projetos em filiais locais. Comprada em março pela Accenture, compõe agora a prática Industry X para fornecer solução de indústria 4.0, desde sensores até sistemas em nuvem.
O diretor da Industry X e fundador da Pollux, José Rizzo Hahn Filho, absorveu também a equipe local da alemã Umlaut, de engenharia de manufatura, outra aquisição da Accenture. Ele observa maior demanda por todos os tipos de robôs. Desde fixos e isolados com braços móveis até colaborativos (cobots), integrados ao trabalho humano, e veículos autônomos móveis com movimentação por sensores e scanners a laser (AMRs, diferente dos AGVs, que trafegam em trajetos pré-definidos). Cobots e AMRs crescem 30% ao ano no mercado mundial, diz.
A marca empregou cinco AMRs com capacidade para até 1 tonelada cada na Florisa, indústria de tinturaria de Brusque (SC). Eles atuam em armazém com cinco andares e quatro elevadores, conectadas por radiofrequência (RFID) e integrados aos sistemas de gestão (ERP) e de armazenagem (WMS) para controle do processo. A produção passou de 90 para 200 toneladas diárias.
A Selettra Automação e Robótica, de São José dos Pinhais (PR), começou a desenvolver AGVs há uma década e hoje tem equipamentos com softwares e sensores para mapear ambientes e desenhar rotas virtuais. Seu modelo mais sofisticado funciona em par sincronizado para se ajustar ao tamanho da peça a ser carregada, como um chassis de ônibus, com sistema gerenciador recebendo ordens do WMS para as máquinas se posicionarem onde necessário. O maior sistema duplo entrará em funcionamento este ano na fábrica de caminhões elétricos Nikola, nos EUA, com capacidade para 16 toneladas, segundo o CEO e fundador da Selettra, Sidnei Gularte. A empresa atende marcas como Toyota, Mercedes-Benz e Whirpool, produz cerca de 100 equipamentos por ano e espera alcançar faturamento de R$ 24 milhões em 2021.
A Jacto Máquinas Agrícolas, de Pompeia (SP), vai inaugurar uma nova fábrica em 2023 com conceitos 4.0, incluindo AGVs para movimentação de materiais, sistemas automatizados de armazenagem e pintura e sistema de execução de manufatura. “A fábrica vira ela própria um robô”, diz o presidente Fernando Gonçalves.
A empresa criou o pulverizador autônomo Arbus 4000 Jav, para pomares. Um funcionário pode operar remotamente quatro unidades, providas de GPS, gerenciamento de controle de obstáculos, escaneamento a laser para medir o porte da planta e controlar o volume de aplicação de defensivo e câmeras que permitem ao agricultor visualizar a lavoura pé por pé.
A gaúcha Instor nasceu há 13 anos na incubadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e hoje se encontra no parque tecnológico da PUC-RS (Tecnopuc). Especialista em robôs móveis, desenvolveu para a Petrobras o primeiro robô para operação em área de risco da indústria de óleo latino-americana. Autônomo, ele integra sistemas, sensores, câmeras e detectores, esteiras para subir escadas e alertas em caso de riscos para aumentar segurança em plataformas off shore. Deve entrar em funcionamento no fim do ano, segundo o CEO Miguel Serrano.
Fonte: Aço Brasil