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Venda de material de construção volta a crescer no Brasil

Construção Cívil

A indústria brasileira de materiais de construção viveu neste ano duas situações distintas. No acumulado de janeiro a agosto, o faturamento recuou 0,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). A quase estagnação sinalizava que 2018 seria um período de vacas magras para as empresas do ramo. A partir de julho, no entanto, o cenário se reverteu. Por três meses consecutivos, as vendas do setor estão no azul. “Gradualmente, a demanda voltou a crescer, e devolveu um clima de certo otimismo ao nosso setor”, disse Rodrigo Navarro, presidente da Abramat. “O quadro atual sugere que dias melhores virão.”

Esse otimismo moderado se explica pela alta de 0,5% em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2017, e de 1,2% comparativamente a julho de 2018. Nos últimos 12 meses, o acumulado é de 1,9%, um número que parece tímido, mas que está quase o dobro acima da previsão de expansão do PIB para este ano, de 1%. “Este percentual, ainda que discreto, é bem melhor do que os últimos três anos de resultados negativos”, afirma Navarro. “Diria que saímos, sim, do fundo do poço”, diz.

Embora a média do setor venha crescendo em um ritmo discreto, o varejo tem apresentado um vigor maior. Pelas contas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), que representa desde as lojas pequenas até grandes como Telhanorte, Dicico e Leroy Merlin, o aumento nas vendas de agosto sobre julho alcançou 5%.

No comparativo a 2017, o percentual de alta chegou a 4% no mesmo período. Já no acumulado do ano houve uma elevação de 5,5% sobre os números de 2017. Nos últimos 12 meses, a expansão alcançou 7,5%. O presidente da Anamaco, Cláudio Conz, observa que os números indicam a retomada nos itens obras e reformas. Conz reconhece que nem alguns contratempos conseguiram atrapalhar.

Para ele, o reajuste do frete, após a greve dos caminhoneiros, a alta do dólar nos últimos meses e o clima de incertezas com as eleições impediram um crescimento mais acelerado. “Às vésperas das eleições é natural que as pessoas evitem adiar obras, especialmente porque é um momento decisivo que pode influenciar a economia como um todo. A incerteza quanto ao futuro acaba fazendo com que elas invistam agora”, diz.

Dentro desse cenário, há empresas que estão conseguindo se destacar. A rede Leroy Merlin é um exemplo disso. Em comemoração aos 20 anos da companhia francesa no Brasil, uma grande iniciativa de promoções gerou uma alta de 8% nas vendas em agosto e setembro, segundo o executivo Eduardo Gomes, diretor-regional da companhia. “Existe uma série de indicadores que mostram um reaquecimento do nosso segmento, além de uma perspectiva positiva para a economia do país a partir do ano que vem, especialmente na questão da queda do desemprego”, afirma Gomes.

Ele afirma ainda que a popularização das vendas de materiais de construção pelos canais digitais tem ajudado a compensar reduções cíclicas de movimento em algumas lojas. “Cada vez mais, os consumidores utilizam a tecnologia para pesquisar e comprar materiais, e por isso implementamos neste ano a integração completa de nossas lojas físicas com nossa plataforma on-line.”

O presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, interpreta o levantamento anunciado em agosto como sinal de trajetória de alta sustentável nos indicadores, o significa tendência de retomada mais robusta no horizonte. Ele prevê aumento de 1,5% no fechamento de 2018. No entanto, o executivo da Abramat só espera que o próximo presidente eleito cumpra a palavra de criar estímulos ao setor e de reativar os trabalhos de infraestrutura interrompidos e inacabados em diferentes regiões do país. Segundo ele, o reinício de pelo menos 2 mil obras paradas provocaria, de imediato, a reativação de milhares de empregos.

“Procuramos ouvir pessoalmente cada um dos candidatos. Levamos propostas, sugerimos, cobramos, discutimos problemas. O discurso de todos eles nos anima a confiar no futuro de nossa área e da economia de uma forma abrangente”, reafirma Navarro.

Fonte: Aço Brasil

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