Odebrecht investe em terminal de granéis em Suape
A Odebrecht TransPort (OTP) vai iniciar seu primeiro investimento em logística na região Nordeste. A companhia está em fase final de contratação de equipamentos para o terminal portuário de granéis sólidos, no Porto de Suape, em Pernambuco, e pretende iniciar até agosto as obras civis do projeto, com um custo inicial estimado em cerca de R$ 150 milhões.
A expectativa é de que o terminal comece oficialmente a operar em setembro do ano que vem, a tempo para atuar no escoamento da safra de açúcar 2016/2017 na região, que se inicia entre outubro e novembro.
A OTP é braço de infraestrutura do Grupo Odebrecht, maior empreiteira do País e citada nas investigações da Lava Jato sobre esquema de propinas pagas a ex-dirigentes da Petrobras, políticos e partidos. A empresa afirma que a operação “não teve nenhum impacto” em seus investimentos. “Os nossos negócios avançam normalmente, inclusive com interesse de investidores estrangeiros”, informou. O grupo vem reiterando que não pagou propina ou participou de esquemas ilícitos.
O terminal, do qual a OTP possui 75% e a operadora logística Agrovia detém os 25% restantes, inicialmente foi planejado para a exportação de açúcar refinado a granel, mas a expansão e a ampliação de escopo já estão em análise. A companhia solicitou à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq, órgão regulador do setor) a autorização para que a instalação passe a movimentar outras cargas granéis de exportação e importação, como soja, milho, cevada, malte e trigo.
A expectativa da empresa é de que a Antaq tome uma decisão sobre o pleito até o fim deste ano. A companhia ainda não detalhou o plano de investimentos para esta segunda fase de investimentos, mas os cálculos iniciais apontam para a necessidade de R$ 60 milhões adicionais.
Na primeira etapa, os investimentos previstos incluem basicamente a instalação de sistema de recepção rodoviária, armazenagem de açúcar refinado a granel, ensacamento e elevação do açúcar a navios graneleiros.
Nova instalação permitirá o embarque de açúcar por Suape, em Pernambuco, em navios de 35 mil toneladas
Transação complexa
O projeto foi divulgado pela primeira vez no final de 2013, quando a OTP anunciou a compra da participação majoritária no terminal que era da Agrovia. Mas entre a aprovação do negócio no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e autorizações de Antaq e da Secretaria de Portos (SEP), houve um adiamento do cronograma, que inicialmente previa o começo das operações em setembro deste ano. Segundo a diretora da OTP, Juliana Baiardi, “nos deparamos com uma complexidade maior do que inicialmente previmos, porque estávamos adquirindo um contrato de arrendamento que fazia parte de uma empresa, a Agrovia, e não adquirindo a Agrovia”.
A diretora explicou que, do ponto de vista regulatório, foi necessário primeiro fazer uma transferência do contrato para uma nova empresa (dropdown), a Agrovia do Nordeste, e depois solicitar a mudança de titularidade dessa nova empresa para a OTP. A transferência foi concluída há duas semanas.
Solução logística
O terminal de açúcar propõe aos produtores locais uma solução de escoamento diferente da utilizada atualmente, com transporte do produto a granel, não em sacos, o armazenamento também a granel no terminal e o ensacamento somente no momento do embarque.
“Isso vai baratear o custo de transporte e melhorar a qualidade do açúcar da região”, disse o diretor de investimentos da OTP, Rodrigo Veloso, responsável pelo projeto. Ele salienta a melhora na maturação do açúcar que o armazenamento no terminal vai propiciar. “Vai ficar mais fácil colocar o açúcar no mercado internacional a preços mais competitivos e até acessar mercado que não eram tão acessíveis assim”, afirmou.
Veloso também apontou para o barateamento do frete marítimo a partir do novo terminal. Atualmente, o açúcar da região é escoado por meio do Porto de Recife, em navios de pequeno porte, de até 10 mil toneladas, ou em contêineres. No novo terminal em Suape, será possível atracar navios de 35 mil toneladas.
Adicionalmente, o carregamento dos cargueiros, que hoje demora 15 dias, levará quatro dias. “São dois ganhos: no custo do navio, que ficará menos tempo parado, e no ganho de escala”, disse o diretor de investimentos. O terminal terá capacidade estática de 90 mil toneladas de açúcar refinado e a expectativa é movimentar 200 mil toneladas de açúcar no próximo ano, considerando contratos que já estavam acertados.
A projeção é atingir cerca de 750 mil toneladas de movimentação anual de açúcar na “maturidade” do terminal, após o berço de atracação passar por uma ampliação já prevista, para instalação de um segundo shiploader, o que deve ocorrer em três anos. Localizada na retroárea do cais 5 do Porto de Suape, a instalação ocupa 72,5 mil metros quadrados e seu berço tem 355 metros de extensão.
Fonte: A Tribuna On-line/Estadão Conteúdo