Produtores de aço mantêm previsão de crescimento em 2022
O Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas brasileiras, manteve a previsão de crescimento da produção e consumo aparente em 2022, e adiou para o fim do primeiro semestre uma possível revisão das estimativas apresentadas em dezembro.
As incertezas geradas pela guerra na Ucrânia e a melhora de confiança no setor justificaram a manutenção das expectativas positivas, a despeito da percepção recente da World Steel Association (worldsteel) de que a demanda no país pode recuar 8,5% neste ano, depois do salto de 23% em 2021.
“Mantemos a visão construtiva para 2022, confirmando as previsões de demanda”, afirmou o presidente do conselho diretor, Marcos Faraco. A entidade projeta crescimento de 2,2% na produção anual de aço bruto, para 37 milhões de toneladas, e de 1,5% no consumo aparente, a 26,9 milhões de toneladas. As vendas domésticas devem subir 2,5%, a 23 milhões de toneladas, enquanto exportações devem avançar 1,5%, para 11,1 milhões de toneladas. As importações, por sua vez, devem cair 12%, a 4,3 milhões de toneladas.
Conforme Faraco, oportunidades de abastecimento no mercado local, investimento crescente em energia renovável, novos projetos de infraestrutura, atividade aquecida na construção civil e setor agrícola forte, sustentando a demanda de máquinas e equipamentos, além das oportunidades de exportação que surgiram com problemas na logística global, suportam o otimismo. “Seguimos acreditando em ano muito bom do ponto de vista de mercado.”
Uma eventual revisão das estimativas foi postergada para junho também em razão da melhora da confiança no setor, disse o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes. “A confiança está melhorando, com o setor confirmando a previsão de investimentos”, disse. Para 2022, os desembolsos previstos somam R$ 11,9 bilhões e chegam a R$ 52,5 bilhões entre este ano e 2026.
Questionado sobre a projeção mais pessimista da worldsteel, Lopes afirmou que a entidade internacional tomou como base um cenário que não corresponde ao que a siderúrgica brasileira considera. “Eles estão adotando uma visão de cenário que não é o que estamos olhando aqui. Apesar do cenário incerto, a fotografia é bastante positiva”, acrescentou.
De janeiro a março, a produção de aço bruto recuou 2,4%, na comparação anual, a 8,503 milhões de toneladas. As vendas internas caíram 19,7%, para 4,766 milhões de toneladas, enquanto as exportações subiram 28,3%, a 3,443 milhões de toneladas.
Conforme a entidade, as importações de laminados somaram 813,67 mil toneladas, com baixa de 3,4%. Dessa forma, o consumo aparente de aço no país totalizou 5,594 milhões de toneladas de janeiro a março, queda de 17,7%.
Segundo Lopes, apesar de expressivas, as variações em relação ao ano passado carregam um efeito estatístico importante, já que a base de comparação é elevada sobretudo pelo movimento de recomposição de estoques. Ao mesmo tempo, indicou, a análise do desempenho mensal em 2022 mostra que, apesar do início de ano mais lento, houve melhora em todas as frentes (exceto importação), de fevereiro a março. Entre esses meses, o consumo aparente avançou 14,7%. “E teria crescido mais se não fosse a queda forte das importações”, disse.
Quanto aos reajustes significativos anunciados pelas siderúrgicas brasileiras, o presidente do conselho diretor do Aço Brasil defendeu que o insumo não é causa da inflação industrial brasileira e não está nos centro das discussões que hoje afligem o país.
Conforme Faraco, em reunião recente com o governo federal, as siderúrgicas discutiram o papel do aço na inflação e a constatação foi a de que esse efeito é marginal. “As bobinas a quente e o vergalhão contribuem para a deflação hoje. Há movimentos de ajuste de preço, a ponto de, nos últimos 12 meses, a inflação acumulada pelo vergalhão estar abaixo do IPCA e do INPC”, afirmou. Com a guerra na Ucrânia, insumos relevantes para a produção siderúrgica, como carvão e energia, registraram aumentos de preço sem precedentes. No Brasil, avalia, a crise energética chegou em particular por meio dos custos do carvão.
Fonte: Aço Brasil