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União Europeia retira dois produtos da lista de restrição ao aço brasileiro

A União Europeia (UE) retirou os aços inoxidáveis e os perfis de aço do Brasil da lista de produtos com volumes limitados para entrar no seu mercado. Abriu assim o caminho para os produtores brasileiros disputarem novos negócios no Mercado Comum Europeu.

Bruxelas submeteu ontem à Organização Mundial do Comércio (OMC) um plano de “ajuste” nas cotas tarifárias que foram adotadas no ano passado diante do aumento das importações e do desvio de comércio, como consequência da decisão dos EUA de sobretaxar produtos siderúrgicos.

No caso do Brasil, a boa notícia é que foi a retirada a salvaguarda de dois produtos. “É positivo porque libera os dois produtos para buscar mais mercado, e ainda mais porque no caso de aço inoxidável é de maior valor agregado”, reagiu o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

A UE manteve, no seu novo plano de ajuste, a exclusão do aço semiacabado do Brasil de limites de entrada em seu mercado. Isso se explica por sua importância para a indústria europeia.

O ponto negativo, desta vez, é que o Brasil queria que seus laminados a frio estivessem numa cota global, em que teria mais capacidade de disputar maior fatia no mercado europeu. No entanto, a UE manteve cota específica para esse produto originário do Brasil.

Agora, a cota para laminados planos a frio do país caiu 11 mil toneladas para os próximos dois anos, devendo ficar em 169,9 mil depois de junho de 2020. Se estivesse na cota global, poderia disputar o volume de mais de 1 milhão de toneladas. A cota específica para folhas metálicas do Brasil teve o volume diminuído em cerca de 3 mil toneladas até 2021.

Globalmente o ajuste feito pela UE diminuirá de 5% para 3% o aumento anual das cotas, que vigoram até junho de 2021. Para a Eurofer, representante dos produtores europeus, trata-se de toda maneira de um aumento num mercado em contração. O volume que passar das cotas será taxado em 25%.

O aço inoxidável da Indonésia agora está sujeito a cotas. E um país só poderá ter no máximo 30% de fatia do aço importado pelos europeus.

Para os produtores brasileiros, qualquer chance de poder exportar mais é um alívio, já que o setor siderúrgico nacional está operando apenas 67% de sua capacidade instalada, quando precisa operar 80% para ter resultados. “O mercado interno está deprimido, e o mercado externo está convulsionado por excesso de aço e por medidas protecionistas”, diz Marco Polo.

O Instituto Aço Brasil projeta exportações de 12,9 milhões de toneladas neste ano, numa queda de 7,3%. Já as importações podem chegar a 2,4 milhões de toneladas, com queda de 0,6% comparado ao ano passado. Em 2018, a China representou 42% do aço importado pelo Brasil, ante 1,4% em 2000.

Mesmo com a redução da produção na China, o excesso de oferta mundial de aço é de 395 milhões de toneladas, representando uma “super oferta brutal”, como define Marco Polo. “O mundo está de cabeça para baixo na siderurgia.” Para ter uma ideia, a capacidade instalada no Brasil é de 51 milhões de toneladas.

No ano passado, quando Donald Trump impôs sobretaxas na entrada do aço estrangeiro, a siderurgia americana operava com 77% de sua capacidade. Agora, opera com 83%, beneficiado pelas barreiras ao produto importado.

A UE vai discutir o ajuste que fez em sua salvaguarda com os parceiros, em Genebra. O plano é de aplicação dos novos volumes a partir de outubro.

Fonte: Aço Brasil

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